sábado, 17 de dezembro de 2016

Encontros (2016)

Por este mundo sem fim
Tenho encontrado pessoas
Algumas imediatamente simpáticas, queridas
Outras, a princípio, nem tanto

Algumas de cara amarrada
Até me ouvirem dizer
Bom-dia!
Então se transformam
Contam-me seus problemas
As vezes aos prantos

Com idades, cores
E olhares diversos
Com a voz embargada
Ou dedos em riste
Cada qual com seus encantos

E depois de um abraço
Apertado se vão (eu fico)

Tenho encontrado pessoas
Pessoas, pessoas!

sábado, 19 de novembro de 2016

O chimarrão que deu tilt

          Aninha é uma gauchinha miúda e elétrica, muito falante e sempre com uma estória pronta, na ponta da língua. Roupas coloridas, cabelos esvoaçantes, parece que a qualquer momento sairá voando, feito uma fada (ou bruxinha do bem!).
          Por razões que só Deus sabe, ela como tantos outros vizinhos rio-grandenses, resolveu se fixar na nossa Ilha-capital, Florianópolis. Fala um "manezês" recheado de "báhs" e "guris" e "aí, menino?" que a torna um ser especial, encantador.
          Aninha trouxe, ao que se sabe, da sua terra, apenas uma mochila que mais parece o "cinto de utilidades" do Batman, tantas as coisas que saem de lá. Dizem, eu não afirmo, que naquela mochila tem um poncho tamanho grande, um par de botas com esporas e tudo, chapéu de aba larga, facão, garrucha, lenço vermelho, uma medalhinha com a foto da avó, barraca e demais utensílios de acampamento, produtos de toucador, queijo e charque do bom, garrafa-térmica, chaleira, cuia de chimarrão - com bomba, é claro - dois quilos de mate e um notebook (já que ela é do tipo informatizada...).
          Agora é que começa o drama da Aninha: Dia desses ela acordou com sede (entenda-se sede de chimarrão, que água é coisa de "catarina"!). Abriu a mochila, retirou os apetrechos importados diretamente do Rio Grande do Sul e preparou, com todo o capricho, a divina bebida amarga. Como sua sede de conhecimentos e amizades também é enorme, abriu seu computador e conectou-se mais rápido que catarinense tentando falar "mais báh, tchê" e, ávidamente, começou a degustar seu desjejum, enquanto teclava com os amigos.
          Em um momento de mais euforia seus dedos erraram a cuia, que ela tentou, em vão, segurar e lá se foi o precioso líquido com pó e tudo por cima do teclado. O seu desespero foi dobrado. Primeiro pelo computador danificado, segundo por ter perdido quase todo o chimarrão que, diga-se de passagem, tinha ficado perfeito. Uma verdadeira obra de arte.
          Aninha gritava tanto que a sua tartaruga de estimação, assustada, subiu na mesa da cozinha derrubando xícaras, copos e talheres (que ela guarda, também, na mochila mágica...).
          E o computador? Depois de limpo e seco só consegue escrever "báh, báh, báh..." e a Aninha, depois de pensar bastante a respeito do causo ocorrido, decidiu ser mais cuidadosa. Diz que, de agora em diante, sempre que for tomar seu chimarrão, deixará uma cuia prontinha, de reserva, caso venha a espalhar a primeira. Seguro morreu de velho, não é?


   A cuia de chimarrão e sua vítima

sábado, 5 de novembro de 2016

Passeio ao interior de Mondaí

          Naquele longínquo ano de 1965, iniciando minha vida escolar e curtindo uma liberdade inédita, garantida pelos professores da Escola Delminda Silveira, decidiu-se por um passeio ao interior do município para comemorar o dia das crianças.
          A minha cidade natal é Mondaí, pequena aglomeração de casas, algumas ruas, na época a grande maioria sem qualquer tipo de pavimentação. Muita poeira quando era tempo seco e muito barro nos períodos de chuva. Colonizada por descendentes de alemães - alguns nascidos na Alemanha do final do século XIX e início do século XX - era o meu universo. Para mim tudo girava em torno da minha terrinha. Para se ter uma ideia, eu achava que as manteigas da marca Anderson Clayton eram produzidas nos fundos da loja dos Klein, pois os nomes soavam muito parecidos.
          O nosso Prefeito, Arthur Deiss, tinha um carro de Presidente: Uma Aero-Willys preta, magnífica. Na minha fantasia os ocupantes do teco-teco que as vezes sobrevoava a cidade, abanavam as mãos para mim. O mundo era perfeito!
          Mas, voltando ao passeio em questão, foi decidido passarmos o dia em um sítio lá para os lados da Barra Escondida. Eu não sabia que "barra", neste caso, era a desembocadura de um rio em outro ou no mar e imaginava que fosse uma barra de chocolate, deliciosa, escondida no meio dos arbustos, pronta para ser degustada...
          Chegando o dia da viagem, fomos colocados na carroceria de um caminhão (naquele tempo não existiam "vans" de turismo ou escolares) e partimos. O dia estava bonito, a temperatura do mês de outubro era agradável e as paisagens bucólicas sucederam-se maravilhosas até chegarmos ao nosso destino, poucos quilômetros distante da sede do município. Pastos, vergamoteiras e um pequeno rio.
          A manhã transcorreu divertida, com a professora inventando jogos, brincadeiras, induzindo-nos a correr, cantar, pular. Sempre atenta e cuidadosa, não deixava os mais afoitos se afastarem, afinal ela era a responsável pela segurança de todos.
          Chegada a hora do almoço fomos servidos - no meio do pasto - com uma galinhada deliciosa, daquelas feitas com galinha caipira, de sabor encorpado e à tarde, depois do descanso obrigatório, veio a grande surpresa do dia. Próximo ao riozinho onde nos foi permitido molhar os pés, talvez até os joelhos, havia umas árvores muito grandes e uma delas tinha um cipó grosso onde as crianças e os adultos se balançavam. Eu estava louco para experimentar mas, acanhado como era, fiquei de lado esperando a minha vez. Demorou mas lá fui eu bancar o Tarzan (até ali jamais havia escutado este nome).
          Foi uma sensação indescritível, de ser forte, de ter asas, de voar! A foto foi batida e meus pais - que não estavam presentes - compraram uma cópia. Lembro bem do menino magricela pendurado no cipó com um sorriso que ia de orelha a orelha e as pernas finas balançando no ar. Pena que a fotografia acabou se perdendo...
          Ao final daquele ano a minha professora, Lory Welmuth, premiou os alunos que tiveram as melhores notas durante o período letivo. Eu estava entre eles e recebi meu prêmio. Entusiamado, nem sequer abri o pacote que continha algo redondo e flexível ao toque e me encaminhei para casa correndo, feliz. Descia a pequena elevação agitando o presente e gritando:
          - Mãe, mãe! Ganhei um queijo... A professora me deu um queijo, olha!
          Era e ainda sou fascinado por queijos, daí se pode deduzir a minha decepção quando descobri que o "queijo" na verdade era uma moringa de plástico que minha mãe, Zirlândia Silveira dos Santos, enchia com café ou limonada para eu levar à escola. A moringa me acompanhou por alguns anos, passando depois para os irmãos menores, até ser descartada.
          Agora restam as lembranças de um tempo que não volta mais e de prestarmos homenagens aquelas pessoas que se doaram - não tínhamos ideia do quanto - para nos fazerem felizes.

Vista parcial da cidade de Mondaí-SC em 1990  
       

sábado, 8 de outubro de 2016

Treze de Maio (2016)


E Seu Ivan, finalmente
Foi de van
E Dona Ana Esther, Beatriz
Susana e Conceição

Num domingo Augusto
Vilmar e Vilma
Felipe e este narrador
Uma festa, lá em cima

No castelo, missa em latim
Muitas fotos e sorrisos
Carne assada e pudim

E Seu Ivan voltou
Distribuindo olhares nordestinos
Ao povo, agora mais feliz
Aqui do sul!


O Castelo do Padre
Treze de Maio-SC

sábado, 24 de setembro de 2016

Antônio Prado - RS

A cidade mais italiana do Brasil


         Durante a Semana Farroupilha, nos dias 17, 18 e 19 deste mês de setembro, estivemos visitando a cidade de Antônio Prado, no vizinho estado do Rio Grande do Sul.
          Desta vez não fizemos nenhuma pesquisa sobre o que encontrar na cidade, sabendo apenas que tinha importância histórica relevante.
          Hospedamo-nos no Hotel Piemonte, defronte à praça principal e, para nossa surpresa inicial, soubemos que na dita praça, além das festividades em homenagem à Semana Farroupilha - é sabido que o povo gaúcho preza muito as suas tradições históricas e culturais - estava ocorrendo a 15ª Feira do Livro de Antônio Prado. Para um escritor não há nada melhor que uma Feira do Livro e, neste caso, tivemos a satisfação de ali conhecer um Acadêmico, membro da Academia Riograndense de Letras, o Sr. Franklin Cunha que gentilmente fez-nos doação (autografada) de exemplar da obra de sua autoria "Uma Arquiduquesa Imperial entre nós" - Editora Pradense - Porto Alegre-2013, à qual retribuímos com um exemplar de "Medos e Absurdos" - Editora Tribo da Ilha - Florianópolis-2016.
          No dia seguinte, um domingo, fomos descobrir Antônio Prado. Plantada entre morros e colinas, à meia distância entre Vacaria e Caxias do Sul é uma cidade surpreendente. Com seu conjunto arquitetônico de 48 construções - a grande maioria de madeira com dois pavimentos mais um sótão - tombadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional) e muito bem conservadas, faz-nos transportar para o início do século XX. Para se ter uma ideia, o antigo Hotel dos Viajantes foi construído em 1900, portanto tendo hoje 116 anos de idade.
          A Igreja Matriz é um espetáculo à parte, com seu estilo espanhol do século XVII que encontramos na região dos Sete Povos das Missões, no oeste do estado gaúcho.
          Circular pela cidade - a pé e sem destino - fazer um lanche na Lanchonete Nordeste (do seu Olinto), conversar com D. Pierina, do alto dos seus 93 anos e sua amiga D. Eli Bombana, visitar o Museu Padre Schio, a Associação dos Artesãos ou a gruta no alto do morro, de onde se tem visão panorâmica de Antônio Prado, é algo inesquecível.
          Como diz a amiga Mari, que tão simpaticamente nos recebeu no Hotel Piemonte:
          - Depois que "O Quatrilho" foi filmado aqui em Antônio Prado - em 1995 - a cidade nunca mais foi a mesma!
          Para nós, que só a conhecemos agora, a vontade de retornar a esse lugar incrível começou 2 minutos após cruzarmos o portal de saída.

A Igreja Matriz 

 Casario histórico

  O Portal de Antônio Prado

sábado, 27 de agosto de 2016

Em hum mil novecentos e antigamente...

          Quando cheguei em Florianópolis, em dezembro de 1966, costumávamos ouvir vendedores oferecendo arroz pelas ruas do bairro onde fui morar (Capoeiras). Eles anunciavam mais ou menos assim:
          - "olha arroz!", "e olha arroz!"...
          Nós, do interior, não conseguíamos entender por quê alguém venderia arroz de porta em porta. Até que, finalmente, um morador local nos explicou. Não era "arroz" e sim "rosca". Roscas de polvilho, tão tradicionais e apreciadas pelos descendentes de açorianos mas desconhecidas de quem provinha do oeste catarinense.
          Da mesma forma aconteceu com os vendedores de banana recheada. Eles cortavam o fim do termo:
          - "Banana rech...", "olha a banana rech...!".
          Hoje não passam mais. Quando passa é uma "Kombi" com alto-falante, bota alto nisso...
          - "Está passando pela sua rua o carro com ovos, maçã-do-amor e detergente para louças e para variar, salgadinhos deliciosos e crocantes..."
          Naquela época íamos, às vezes, à mercearia comprar 1 litro de leite. Em recipiente de vidro; leite tipo A, B ou C. O tipo do leite era determinado pela cor das tampinhas de alumínio: Vermelha, azul ou verde. A recomendação era sempre comprar o mais barato.
          Assistíamos TV em preto e branco. As melhores séries - para nós - eram: Perdidos no Espaço, Jim das Selvas, O Homem de Virgínia, Bonanza, Tarzan, A Lenda do Zorro... e ainda aquelas que nossos pais proibiam - passavam tarde da noite, às 9:00 ou 10:00 hs: James West e O Rei dos Ladrões, com Robert Wagner no papel principal. Ao final do filme dava-se o encerramento da programação.
          A maior realização para um menino de quatorze ou quinze anos era comprar uma bicicleta usada (Monark Olé 70) e depois vendê-la para pagar um curso de datilografia nas velhas e pesadas máquinas Remington. ASDFG... futuro garantido!
          Agora, bom mesmo era passar o dia na Praia da Saudade, com o trampolim - onde nunca consegui chegar, de tão mal nadador que era - o "trapiche" e sobre ele o Restaurante Arrastão. Muito movimento, pequenos barcos a remo ou vela, mulheres bonitas - lembrem-se que eu tinha cerca de quinze anos - muito riso, conversas e (quase) nada de poluição. Bons anos, aqueles!


Praia da Saudade - ao fundo o Restaurante Arrastão
(Divulgação-Internet)  

sábado, 6 de agosto de 2016

Outro envolvido na operação Lava-Jato

          Nos últimos tempos temos acordado, diariamente, sobressaltados com notícias de falcatruas, corrupção, desonestidades. Tudo que se escuta é que o Deputado Fulano foi preso, que o Vereador Sicrano está sendo investigado por desvio de verbas da merenda escolar, que determinado policial recebe pagamento de bandido para não prende-lo.
          É um tal bombardeio com esse tipo de notícia que ficamos desconfiados de qualquer pessoa - principalmente autoridades - que se diga correta.
          Pois muito bem. Moro em um bairro da periferia de São José-SC. Resido ali durante os últimos 35 anos e não pretendo mudar-me, apesar da poeira, da emissão de gases veiculares e da fumaça decorrente da queima de materiais recicláveis - sempre após o horário comercial, quando não há vigilância -  que tanto incomoda o nosso bairro.
          Por conta de toda esta poluição, acabei por ter uma crise de rinite alérgica, que virou um resfriado, que se transformou em gripe, que acabou em faringite e , finalmente, em amigdalite...
          Problema diagnosticado, necessidade de medicação adequada. Sábado cedo, dirigi-me à uma das farmácias do bairro, disposto a adquirir os remédios de que precisava. Já no balcão ouvi alguns comentários sobre mais um envolvido na famosa Operação Lava-Jato. Seria um cidadão do nosso bairro, mas não citavam seu nome ou função, nem mesmo seu ramo de trabalho.
          Saí dali pensando em quem seria esta pessoa. Será que o "japonês" da Federal tinha batido na sua porta às cinco horas da manhã? Poderia ser um conhecido, vizinho ou um amigo?
          Voltava distraído, matutando estas questões, preparando-me para começar a ingerir mais uma série de comprimidos quando algo me chamou a atenção: Um cidadão em atitude suspeita e, ao que tudo indicava, uma dessas pessoas que costumam fazer pagamentos frequentes à Petrobras, por intermédio de alguma das diversas distribuidoras de combustível que operam em nosso país. O "meliante" era DONO DE UM AUTOMÓVEL e, ao que se sabe, todo combustível passa, de uma ou outra forma pela - outrora - gigante estatal brasileira. Não bastando a esse "indivíduo" possuir automóvel, estava naquele instante cometendo um crime - em plena luz do dia - utilizando-se para isso de um equipamento que por si só é sinônimo de culpa, pura e simples.
          Pois não é que aquele senhor de aparência tão honesta, descaradamente lavava seu carro com um LAVA-JATO?
          Sem dúvida, merece cadeia...!   
           

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Tombos (1987)


Quanto mais o tempo passa
Mais eu penso
Que talvez eu possa
Mais ficar em pé

Quando lembro
Que a lembrança
Pode ter um gosto até de mel
Pode ter um gosto até de fel

Quanto mais o tempo passa
Mais eu gosto de lembrar
Que talvez eu possa
Ter a força prá ficar
Em pé

E todo tombo
Que eu levo me levanto
Prá novo cair
Cair de novo prá ficar
Em pé

sábado, 18 de junho de 2016

O acidente

          - Você está correndo muito. Vai mais devagar ou vamos acabar caindo... Pára! Cuidado! Seu idiota...!
          Segundos depois:
            - Paula, você está bem? Deixa eu ajudá-la a se levantar. Dá a mão...Que estranho, eu não consigo tocar em você!
          - Paula, pra onde você vai? Volta aqui...
          - Vou embora, pra casa. Fica longe de mim!!

***
          Este dia já começou todo errado. Dormi demais e quando me levantei ela já estava chateada. Tomei café (quente demais...), realizei algumas tarefas pendentes e no almoço começamos a discutir, como sempre, por algum motivo banal.
          É sempre assim. Ela discorda dos meus argumentos. Todos. Diz que são repetitivos e inconsistentes. O pior é que, em parte, é verdade, mas ela NUNCA os aceitou. Desde a primeira vez que discutimos a Paula se recusou a aceitar que eu pudesse ter alguma razão. Parece que faz séculos...
          Fazer o quê? Vou tentar levantar a moto. Não vai ser fácil erguer estes 240 kg, ainda mais sangrando deste jeito. O mais estranho é que não sinto dor alguma...
          Ufa! tá mais pesado do que eu esperava. A moto não se move um centímetro sequer. Parece grudada no asfalto...
          E essas pessoas todas, passando sem dar a mínima. Dá a impressão que ninguém está me vendo. O jeito é chamar:
          - Ei, vocês! Alguém me ajude... Que droga!
       Gente mais sem solidariedade. A Paula foi embora, não consigo levantar a motocicleta, ninguém quer me ajudar e agora estas manchas roxas aparecendo em meus braços. Maldição!!
          Mais uma tentativa... Não tem jeito mesmo. As manchas estão começando a crescer e ficar transparentes. Eu...eu estou sumindo! Com mil diabos, acho que entendi! Estou morto, ferrado, "caputz".
          - Paula!! O que foi que eu fiz???
          - Me perdoa... Eu só queria um pouco de emoção, adrenalina...

***
          O inferno é um lugar muito ruim. Aqui não tem uma só motocicleta.
          - Porcaria de lugar!!!

Fim



Honda Shadow 750 - 240kg 
          

sábado, 28 de maio de 2016

Medalha Sílvia G, Vidoto - ALB - Urussanga

          Estivemos, no último dia 21 de maio de 2016, na aprazível cidade de Urussanga-SC, participando de homenagem a pessoas e entidades apoiadoras da cultura naquela região.
          A iniciativa da entrega de medalhas por apoio à cultura coube à escritora Sílvia Goulart Vidoto, Presidente da Academia de Letras do Brasil - Seccional Urussanga, autora do livro " Amor além do Comum" (Poesias).
          O evento ocorreu nas dependências da Choperia Carara, local amplo e agradável, que permaneceu lotado durante toda a cerimônia.
          Alguns dos homenageados da noite foram:
          Augusto de Abreu - Presidente da Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses (ACPCC); Carol de Lucca (Escritora) - Criciuma; Edevaldo Tomaz (Artista Plástico) - Urussanga; Ronaldo David (Poeta) - Criciuma; Célio Gilberto Silva (Poeta) - São José.
          A nossa participação ocorreu na qualidade de membro efetivo da ACPCC - em companhia de Suzana Zilli, Vera Lúcia Silva e Lilian Barreto Manara, além do próprio Presidente Augusto de Abreu. Também o fizemos na condição de representante Diretor de Relações Institucionais da Academia de Letras de Palhoça - ALP.
          Após o encerramento das formalidades, fomos brindados com bela apresentação musical e deliciosos petiscos e bebidas.
          Em nome da ACPCC e Academia de Letras de Palhoça, agradecemos à ilustre Presidente, Sra. Sílvia Goulart Vidoto, pela recepção e homenagem.


Ney Santos, Augusto de Abreu, Sílvia Vidoto, Vera Lúcia Silva e Suzana Zilli

segunda-feira, 2 de maio de 2016

O construtor

          No meu jardim, entre duas pedras encostadas, um pequeno inseto amarelo começou a construir uma espécie de casulo.
          A pequenina construção, branquinha, parecendo o mais puro e macio algodão, ia tomando forma e seu construtor vez por outra se afastava para avaliar a obra. Fitava-me com seus olhinhos minúsculos como a pedir aprovação.
          O trabalho incessante estendeu-se por horas, começando pela fixação da estrutura nas laterais do vão formado pelas pedras e depois com o fechamento da cobertura. Milhares de movimentos de ida e volta, de um lado para o outro até que, finalmente, o bichinho deu por encerrado o seu trabalho.
           O insetinho entrou no seu casulo novo, inspecionou-o com cuidado e então saiu para fazer uma avaliação externa do conjunto. Cansado do árduo serviço executado, olhou-me novamente. Sua carinha demonstrava satisfação. Movimentei a cabeça afirmativamente e lhe disse que estava muito bom. Ele sorriu - de forma discreta e educada.
          Ao me afastar, antes de dar dois passos, um passarinho, em rasante, pegou o "amarelinho" e o levou para servir de alimento aos seus filhotes.
          Dir-me-ão:
          - Pobre inseto, nem aproveitou a casa nova...!
        É verdade. Porém ele teve o prazer de escolher o local mais adequado à sua construção, desenvolveu um projeto e o executou com carinho e dedicação. Durante a execução da obra alguém o observava admirando seu trabalho e, mesmo sendo contraditório, o pássaro também estava interessado no pequeno inseto amarelo.
          Ou seja, a obra da vida deste inseto não passou despercebida. Com seu trabalho ele foi visto, aplaudido e, agora, lembrado! 
           

sábado, 9 de abril de 2016

Utopia (1980)


 Caso tu queiras saber 
O que eu penso, eu te digo
Certo eu não vejo razão
Na demagogia

E nem podia:
Se eu espero
O povo espera, o povo espera
É a verdade
O povo espera
Toda a verdade

E o que impera
É a mentira
O que impera
Toda a mentira
E nem podia

Arde nos olhos
Fere a língua
Quando se tenta
Clarear o dia

sábado, 19 de março de 2016

Angelina

          Próximo à capital catarinense - Florianópolis - existem lugares incríveis para se conhecer. Já falei sobre alguns deles anteriormente: Anitápolis, Taquaras, Enseada do Brito, Santo Amaro da Imperatriz, São Pedro de Alcântara, entre outros.
           Estive, recentemente, visitando a cidade de Angelina, situada sobre a Serra da Boa Vista, cerca de 70 km de Florianópolis.
        As boas surpresas começam assim que se inicia o último trecho, de aproximadamente 15 km, entre Rancho Queimado e a sede do município. A paisagem se modifica rapidamente permitindo-nos apreciar a vista de cima para baixo. (talvez porque a rodovia seja em pista simples e com poucos "recortes"). A gente se sente parte integrante de tudo o que está ao redor.
          Faltando ainda 5 km para o destino final, junto da rodovia - à nossa direita - encontramos uma belíssima cascata dotada de mirante e que nos permite chegar, por sobre as pedras, até as águas revoltas. Imperdível!
          Já na sede, atrás da Igreja Matriz, uma trilha pavimentada dá acesso à Gruta Nossa Senhora de Angelina, no alto do morro. Essa gruta foi inaugurada em 15 de agosto de 1907. É um passeio bonito e muito concorrido.
          De volta ao nível da Igreja, após um lanche para repor as energias, pode-se circular pela praça central, visitar o belo templo e, seguindo em frente, conhecer o Colégio das Irmãs Franciscanas de São José. A construção é aberta ao público e serve também como hotel e restaurante, onde a maioria do que é servido tem produção das próprias freiras.
         Para quem quiser se aventurar mais longe, há inúmeros caminhos e locais totalmente bucólicos para serem vistos e apreciados.


 Uma paisagem bucólica

 A cascata

O Colégio das Irmãs Franciscanas de São José   

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Juventude

          Já é quase um paradigma. Quando se fala a respeito dos jovens, dizer-se que eles não tem educação, não querem estudar, são revoltados, que grande parte - principalmente nas periferias dos núcleos urbanos maiores - usa drogas etc e tal.
           Estamos acostumados a ouvir sobra a polêmica da "Redução da Maioridade Penal", sobre jovens infratores e da dificuldade de reencaminhá-los.
           Verdades. No entanto, às vezes nos deparamos com o extremo oposto. Assim é que comigo ocorreu durante nossa participação na Abertura do Ano Literário 2016, promovido pela Academia de Letras do Brasil, em Ibirama, no dia 20 de fevereiro último.
           O evento foi excelente, correndo tudo de forma organizada e tranquila. Discursos, apresentações culturais e homenagens deram corpo à solenidade.
          Ao final do evento foi servido aos participantes um coquetel à base de frutas. Enquanto saboreava uma gostosa salada, entabulei conversa com dois jovens membros da Academia Mirim de Letras do Brasil, da cidade de José Boiteux: Kayllê Priprá Penz (Poeta) e Luíza Fusinato (escritora de crônicas).
          Mantivemos conversação das mais agradáveis, falando a respeito dos nossos gostos, anseios e medos. Medos que todos nós temos: De apresentações em público (o famoso "frio na barriga"), da exposição à qual somos submetidos - escolha nossa, naturalmente - e dos julgamentos e questionamentos que certamente advirão daí.
          Conversamos sobre como é possível superar esses medos. Da importância de acreditarmos em nós mesmos e na qualidade dos nossos trabalhos. Da necessidade do estudo visando ao aprimoramento constante de nossos escritos.
          Após calorosos cumprimentos de despedida, pois eles precisavam retornar à sua cidade, voltei ao hotel onde estava hospedado com uma sensação fantástica de renovação. Revigorado.
          A esses dois jovens promissores, tão queridos, meus parabéns. A sua atitude restabelece em nós a confiança num futuro melhor.
          Congratulações também aos seus pais, professores e à Academia de Letras do Brasil pelo bonito trabalho realizado.

 Ney Santos, Luíza Fusinato e Kayllê Priprá Penz

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Revisitando Brusque


           No início dos anos 1990, quando a atual - gigantesca - rede de lojas Havan tinha apenas uma unidade em Santa Catarina, justamente em Brusque, a cidade fervilhava.
         Ônibus carregados de turistas-compradores, veículos particulares, pessoas circulando em quantidade absurda, lojistas para abastecer suas empresas, tanto na Havan quanto nas lojas e fábricas de entorno, provedoras de tecidos de malha e outros, aviamentos, calçados, artigos de vestuário, utilidades, tapetes, material escolar, máquinas de costura...
          Quando a rede Havan resolveu instalar lojas em tudo que é canto, o comércio de Brusque começou a encolher. Hoje é apenas uma sombra do que era. Somando-se a crise que vive o país, temos uma situação desastrosa. Brusque precisa urgentemente se reinventar.
          Cidade agradável, povo simpático, sede da Fábrica de Tecidos Renaux S/A, falida (infelizmente) em 2013, situada na região de Blumenau tem, ainda, atrativos suficientes para uma visita. A começar pelo trajeto a partir de São João Batista, por rodovia de serra, cheia de curvas e com belas paisagens. Ideal para uma viagem de motocicleta (como sempre, puxando a sardinha para a minha brasa...).
          A magnífica igreja Matriz São Luís Gonzaga, construída entre 1955 e 1962, projetada por Gottfried Boehm - arquiteto alemão, com sua nave de 26,4 mts de altura, faz-nos sentir diminutos. Não vou falar demais a respeito para que você, caro leitor, possa ir até lá e sentir "in loco" a majestade desse templo.
          Não se pode deixar de visitar também o Parque Zoobotânico de Brusque, que sente os reflexos da crise, precisando - o que já vem sendo feito - de uma boa renovação. Mesmo assim vê-se muitos espécimes animais, árvores e flores por caminhos agradáveis e sombreados.
          O teleférico que liga as duas partes do parque é um excelente divertimento. Com pontos em que as cadeirinhas ficam a 60 metros do solo, causa calafrios, elevando o nível de adrenalina em quem não está acostumado a este tipo de atividade.
          Mas não se preocupe, o equipamento é seguro e bem cuidado, sofrendo manutenção periódica. 

 A Igreja Matriz

 No Parque Zoobotânico

 O teleférico

Na rodovia, liberdade


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Os contos de Ton Botticelli


          Acostumado a ler os contos de suspense e terror de Ton Botticelli, alguns postados em seu blog - A Toca do Lobo Negro - fui surpreendido com este " Quando preciso de asas para voar" em que o autor nos mostra, mais uma vez, sua capacidade para enveredar por caminhos diferentes daqueles que já conhecemos em seus trabalhos.
     "Quando preciso de asas para voar" é parte integrante do livro "Etéreo-Contos Fantásticos", publicado pela Editora Andross - São Paulo, 2015.
          Neste conto o protagonista é um jovem estudante universitário que precisa enfrentar os problemas da vida real. Situação que o assusta, como à maioria das pessoas nessa idade, e para escapar busca refúgio nos sonhos. Seu sonho recorrente é ter asas e voar. Alcançar seus objetivos na vida.
          Enquanto ele voa, livre e tranquilo, seguro, o mundo ao seu redor continua em meio ao caos. Totalmente em desordem. As pessoas precisam lutar com todas as forças para superar os obstáculos que a elas se apresentam. E, sabemos, são muitos.
          O jovem em questão se vê ridicularizado pelos colegas, percebe-se diferente e, para espanto seu, descobre que tudo o que realmente precisa para enfrentar e dominar seus medos é ter suas asas, definitivamente. A partir desse instante, sabedor de sua força, passa a sonhar - e voar - acordado.
          Este conto é um daqueles que tive a oportunidade de ler, do mesmo autor, que tem a característica de prender o leitor à narrativa até a última linha.

Ney Santos
Academia de Letras de Palhoça
Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses


Capa do livro "Etéreo"

Contos de Ton Botticelli:
"Quando preciso de asas para voar"
Etéreo-Contos fantásticos - Editora Andross

"Tique-Taque"
Legado de Sangue-Contos sobrenaturais, de suspense e terror - Editora Andross

"Nada como planejado"
Vícios, Taras, Medos - Editora Illuminare

"O ano em que o robô me fez azul"
Ano 2500-Um novo mundo - Editora Illuminare

"No meio da tempestade"
Clímax-Faça-me chegar lá! - Editora Illuminare

"O matador de mafiosos"
Crime sem castigo-Minicontos policiais - Pastelaria Studios-Portugal

"Toque novamente a nossa música"
Círculo do medo-Contos sobrenaturais, de suspense e terror - Editora Andross

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sábado, 9 de janeiro de 2016

Resgate (2015)



 Ainda 
Lembro dos teus cabelos
De grandes e negros cachos
E do teu sorriso envolvente
Que me fazia sonhar

Não é tarde
Para resgatarmos
Tantos e belos momentos
De mantermos acesa a chama
Daquele prosaico
Amor