domingo, 28 de julho de 2013

Nos limites

Nas barrancas do rio Peperiguaçu, em Paraíso/SC. Do outro lado as terras dos "espanhóis confinantes" como eram designados nossos vizinhos durante a disputa com o Paraná pelas terras do Contestado.

Pouco antes da fronteira

Minha esposa já em solo argentino

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A primeira moto

No início dos anos 1970 o Brasil não contava com uma indústria nacional de produção de motocicletas. Eram todas importadas como esta japonesa. Uma Honda SS50V, ano 1973. Minha primeira moto. Com ela uma viagem Florianópolis-Blumenau constituía uma grande aventura. Leve demais na parte dianteira, me fez voar baixo, literalmente junto ao chão, por diversas vezes. Mas como uma mulher atrevida, deixou saudades.

São José, outubro de 1977

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A chave do desejo

A chave do desejo (2006)

Seu corpo não pede o meu
Nem outro
Sua voz não me sabe chamar
É certo que o tempo passou
E o belo cedeu seu lugar

Tropas de choque avançam
Lenta ou rapidamente
E abatem
Outras estrelas nascem
Para brilhar

Seu corpo não pede o meu
Nem outro
Não há perguntas ou respostas
Apenas um certo vazio
Na boca do estômago

Um mago prevê o futuro
Mas não diz que a chave
Está em meu bolso

Seu corpo não pede o meu
Nem tenho mais dedos nas mãos
E a chave ainda está lá.

domingo, 14 de julho de 2013

Infantis

O menino que queria ser rei (1987)

Era uma vez um menino muito pobre que sonhava ser alguém importante. E no seu entender, importantes mesmo eram os reis e os príncipes. Afinal, nas estórias que ouvia lá estavam eles, fortes, imponentes e felizes.
Certo dia, o menino, Joãozinho, perguntou à sua mãe:
- Eu queria ser rei do mundo. Posso?
A mãe dele, assustada com uma pergunta daquelas, respondeu:
- Ora meu filho, ninguém pode ser rei do mundo...
- Poxa, então eu posso ser rei do Brasil?
- É claro que não. O Brasil é uma república. O máximo que você poderia almejar é ser presidente.
O garoto, que não desistia do seu sonho, insistiu:
- Eu vou ser rei do meu estado. Posso?
- Joãozinho, vê se entende! No estado tem governador...
- E rei da minha cidade?
- Não. Só prefeito você poderia ser.
- Droga! E rei do meu bairro?
- Também não.
- E da minha rua?
- Não.
A mãe, que já estava ficando irritada com a teimosia do filho, se afastou continuando com as tarefas da casa.
Joãozinho ficou pensativo por alguns minutos, andou de lado para outro, percebeu a mãe chorando e finalmente voltou, com os olhos brilhando de alegria e apontando para os remendos de sua calça, que a mãe com carinho costurava, disse:
- Mãe! Não fique triste, eu já sou um rei!
- Como assim, meu filho?
- Ora, eu sou um “Reimendado”, ta vendo?


A bicharada (1982)

A minhoca ta torta
A minhoca ta torta
Tadinha da minhoca
Vai pro buraquinho

O pipi já piou
O pipi já piou
Tadinho do “pipia”
Tanto assim

O macaco quer pipoca
O macaco quer pipoca
Pipoca ao macaquinho
Bonitinho

...macaco tem dente, pai, tem?

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Plantação de Ventiladores

O campo de geração eólica de Palmas - PR impressiona, não só pela quantidade de geradores como pela proximidade que se encontram da rodovia. Sua altura em torno de 100 mts equivale a um edifício de 35 andares. Faz-nos sentir diminutos.





segunda-feira, 8 de julho de 2013

Anseios

Lamento (2004)

O repicar dos sinos
Feito doces hinos
As vozes das meninas
Em cantar lascivo.

Os choros, gritos, sons
E gostos ácidos
Como a bola de boliche rola.

E olhos cansados
Pedem feito preces

Tempo.


Absurdos (1986)

Eu sonhei que um homem sério
Governava este país
E outros países
Por homens sérios governados
Sem lutas.

E pairava um Deus
Sobre toda séria cabeça
Eu já nem sei
Fosse melhor, talvez
Nem haver cabeças prá pensar.

E pensar
Que hoje nem me reconheças
Por meus pontos de vista divergentes
Por meu falar incoerente
Por meus medos absurdos.

Absurdo é ver o sol poente
E não saber se é o último
Ou se a noite cobrirá.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Vandalismo

Vandalismo (2013)

Até a pouco tempo não se ouvia falar em vândalos. Palavra estranha, antiga, tipo convescote, sarau ou sacripanta.
Hoje estamos às voltas com os malfadados “vândalos infiltrados”. Mas ninguém sabe como ou quem eles são, apenas que existem na maioria das cidades, vilas ou até nas escolas.
Mas vejamos como identificar um desses elementos:
Normalmente os “vândalos infiltrados” têm uma idade relativa, prá mais ou prá menos. Costumam andar em grupos de uma ou mais pessoas. Altura e peso medianos, olhar mortiço ou vivaz, voz característica e, o que é mais importante, disfarçam-se como garis, médicos, professores, estudantes... ou qualquer outra profissão.
Andam sobre dois pés. Às vezes de quatro.
Carregam objetos suspeitos como mochilas, celulares ou saquinhos de pipoca.
Portanto, fique atento. Se você conhecer alguém com essas características, cuidado! Ele poderá ser um “vândalo infiltrado”.
Recentemente fui a um encontro familiar e, vendo um cachorrinho preso à corrente, perguntei a razão. Responderam-me que ele não obedecia à ordem de ficar em silêncio. De protestar pacificamente, sem incomodar as pessoas.
Não acreditando em tal afirmação, pedi que o soltassem, pois o mesmo me parecia dócil e amigo.
Atenderam-me, mas logo veio a surpresa:
O bichinho se transformou, correndo loucamente, derrubando tudo que encontrava pelo caminho, pulando nas pessoas com um ar maníaco, lambendo as crianças e fazendo xixi em todo canto possível.
Então entendi:
O bichinho tinha virado um baderneiro, um verdadeiro “vândalo infiltrado”.


Protesto (1986)

Um homem,
        Jovem

Uma praça,
        Qualquer

Protesto,
        Silêncio

Fogo,
        Silêncio

Morte,
     ...Silêncio.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Sabores

Perfume de almíscar (2006)

Quero ter você
Aos pedaços
Sentir seu gosto
E o cheiro doce

Quero ouvir a tua voz
Entre suave e rouca
A me fazer ouvir
O som da estrela

Quero sorver o suco
Que você derrama
Inebriando o ar
Que envolve a cama

E sentir
O pulsar do corpo
Até dormir


Gamela (2001)

Cravo e canela
Queijo e mortadela
Frutas na gamela
No cinto tem fivela
Na casa da favela
No teto uma arandela
Passo a noite
Pensando nela.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Modus operandi

Relutei bastante a me render a estas novas tecnologias de comunicação, apesar da insistência de meus filhos Cassiano e Ana Carolina. Mas chega o momento em que a gente adere ou fica definitivamente para traz. Resolvi aderir e com a ajuda de minha filha, a quem agradeço, criar este blog.
Chamo-me Ney Santos, poeta, compositor e desenhista por profissão. Sou natural de Mondaí-SC (nascido em 1957) tendo me mudado para Florianópolis aos nove anos de idade.
Casei-me em 1978 com Maria Vilma e mudei para São José-SC, onde permaneço até hoje e onde nasceram e cresceram nossos filhos.
Neste espaço pretendo mostrar meus trabalhos de poesia escritos ao longo dos últimos quarenta anos (comecei a escrever muito cedo, gente...!) e também compartilhar alguns contos, fotos de aventuras sobre duas rodas, que adoramos (eu e minha esposa) fazer, enfim dividir com vocês coisas que acredito ser o melhor desta vida.
Espero com isso acrescentar alguma coisa e de antemão agradeço àqueles que me visitarem neste blog.

Obrigado,
Ney Santos

Modus operandi (1987)

Escrevo
Quando me sinto só
Escrevo quando perco o sono
Escrevo quando me desespero
Ou enquanto espero o trem

Escrevo quando me sinto bem
Escrevo meus poemas
Numa ponta de papel
Num “ticket” de caixa
Ou num pedaço de jornal
Escrevo bem ou mal

Quase por instinto
Antes que de mim se diga

Aqui jaz, extinto.